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Governo colombiano segue com conciliações obscuras com os EUA, diz Farc
Agencia de Noticias Nueva Colombia / terça-feira 11 de março de 2014 / Español
 
La voz del amo. Foto: Secretary of Defense via photopin cc

A guerrilha segue exigindo que o governo e seu ministério de guerra abandonem a “ambiguidade”, e a “hipocrisia da diplomacia da boa vizinhança” para “atuar com transparência”. Leia a íntegra do texto:

Vários assuntos chamaram a atenção e geraram mais dúvidas e desconfiança sobre o que o governo colombiano está pensando sinceramente sobre a paz interna e as boas relações com seus vizinhos.

Enquanto se fala de um pós-conflito, além de manter as altas cifras do gasto militar, se pede mais apoio para incrementar a guerra, concretamente buscando novos subsídios para o denominado Plano Espada de Honra 2, que é vendido como uma ilusão que apota o aniquilamento dos Blocos guerrilheiros das FARC.

Está claro que o governo maneja um discurso duplo, com duas agendas diferentes para a condução dos destinos do país. Aparte da Agenda de paz de Havana, a agenda de guerra segue urdindo em conciliações obscuras com o governo dos Estados Unidos.

Quiçá atendendo as críticas ao proibicionismo, ao tratamento punitivo e militar que muitos setores acadêmicos e científicos têm feito desde diversas partes do mundo para chegar à conclusão de que a guerra antidrogas fracassou, o Presidente Santos falou sobre a necessidade de reformular tal política, que em nosso país causou o aprofundamento do conflito, deslocamentos forçados e a deterioração ambiental, entre outros males. Sem dúvida, segue na contramão de tudo o que diz respeito ao debate que hoje tem lugar em Havana, na agenda extraviada de Pinzón aparece como ponto de primeira ordem o componente da luta contra o narcotráfico dentro do esquema das campanhas militares contrainsurgentes, incluído o intervencionismo de Washington.

Sendo notório que os Estados Unidos se abstêm de participar nas fumigações aéreas sem que os países com presença de cultivos de uso ilícito lhe peçam, é o cúmulo da submissão o governo da Colômbia lhe suplicar que continue com as aspersões do agente laranja da corporação Monsanto em nossos campos.

Será que definitivamente pensam em fazer vista grossa ao rechaço dos moradores do campo que com suas marchas multitudinárias se colocam contra estas práticas criminais de fumigação? Tal como fez com a população equatoriana afetada pelas aspersões na fronteira, em vez de seguir envenenando os campos da Colômbia, o governo Santos deve indenizar também os trabalhadores rurais afetados em nosso país.

Na agenda de guerra de Pinzón, volta a se somar nas suas folhas a unilateralidade no tratamento de temas que são de discussão na Mesa de Havana. Aspectos da justiça transicional, que tratam do favorecimento a militares envolvidos em crimes de lesa humanidade e alusões ao futuro da insurgência, se tramitam na paralela mesa imperial, que no fim das contas parece ser a que traça as políticas e decisões de nossa contraparte.

Se há tanto interesse do governo de Bogotá na bendição dos Estados Unidos, as FARC-EP insistem em que se viabilize a participação de um representante do governo deste país no processo de conversações.

No tratamento da paz, o governo e seu ministério da guerra devem abandonar a ambiguidade, mas também devem deixar atrás a hipocrisia da diplomacia da boa vizinhança e atuar com transparência, pois não é correto que se siga maquinando, já não só desde Bogotá, mas desde Washington, contra um país que como Venezuela, acompanha com empenho e desinteressadamente o processo paz, colocando tudo de sua parte para que se logre a reconciliação dos colombianos.

Como pode entender-se que enquanto a chancelaria faz reuniões de cooperação com autoridades venezuelanas, de maneira oculta peça a Washington apoio para aumentar a capacidade de ação das forças militares com a descabelada tese de que poderia apresentar-se no futuro um cenário de confrontação com a Venezuela ou a Nicarágua?

Oxalá que a gestão de reuniões da coordenação de ministros de defesa da Aliança do Pacífico, EUA e Canadá, impulsionada pela Colômbia, não termine convertendo-se em uma sorte de estratégia neocolonial que afete a paz dos vizinhos, pela qual recentemente advogou a Celac.

Delegação de Paz das Farc-EP