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A destituição de Petro é uma jogada política de Santos
Nelson Lombana Silva / sexta-feira 21 de março de 2014 / Español
 
Foto: Sterneck via photopin cc

Em mais um de seus ataques à democracia na Colômbia, o presidente Juan Manuel Santos Calderón destitui Gustavo Petro, ex-guerrilheiro, do seu cargo de prefeito, legitimamente da capital colombiana, Bogotá. Além disso, Petro ficará impedido de ocupar cargos públicos por 15 anos. O motivo, segundo o presidente, com a aceitação da Procuradoria Geral do país, foi a mudança realizada por Petro no sistema de coleta de lixo, que passou de mãos privadas para a Companhia Pública de Aqueduto.

Abaixo nota analisando o caso e convocando a população colombiana a manifestar sua inconformidade com o caso:

A destituição de Petro é uma jogada política de Santos

A destituição de Gustavo Petro Urrego do cargo de prefeito de Bogotá (capital da Colômbia), segue um plano perverso da direita e extrema-direita que trata de explorar eleitoralmente o presidente-candidato Juan Manuel Santos Calderón. Cálculo aberrante que ameaça a imagem do país no cenário internacional ao sacrificar com um só golpe os convênios internacionais assinados pela Colômbia.

Revela mais uma vez a laia da classe dominante que tem Colômbia e, por sua vez, a falta de palavra do presidente Santos, que havia dito publicamente que iria respeitar a decisão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos, OEA.

O país não pode deixar passar despercebido este terrível e vergonhoso fato, na medida em que não pode ser visto apenas como um caso isolado de Bogotá e afeta apenas a capital ou, talvez, um partido político ou movimento. Nada disso. O impacto é de nível nacional e todos devem entendê-lo.

Por isso, é preciso contextualizar e interpretar crítica e auto-críticamente o que aconteceu a partir de diferentes cenários com a devida amplitude e urgência de tomar uma posição consistente e não ser mero espectador passivo ou de gabinete. É uma ação de massa é urgente. A mobilização nacional organizada e bem dirigida, com plena consciência social e de classe.

É evidente que o erro do Procurador-Geral da Nação não foi um erro de Direito, foi um erro político e de classe, que é uma apunhalada para a débil democracia colombiana. É um pontapé na mesa de diálogo de Havana (Cuba), uma mensagem expressa: Nenhum da insurgência pode ser parte da liderança do Estado para não fortalecer tais diálogos. É uma declaração terrível, em outras palavras, apenas os filhos da oligarquia têm o direito de governar a Colômbia.

Ecoa a tese de Karl Marx: luta de classes. Santos faz um cálculo sombrio, um cálculo eleitoral voltado para a reeleição: apóia um seguidor de Uribe (ex-presidente) para prefeito, garantindo o apoio deste a sua reeleição e de bônus estabelece que o negócio de coleta de lixo da cidade passe novamente às mãos dos filhos do ex-presidente dos vários falsos positivos.

Petro não foi uma vítima dessa trapaça de um ladrão, incapaz ou violador de uma norma constitucional, é a vítima porque timidamente ousou desafiar a oligarquia e máfia do colarinho branco que existe na capital da República e na Colômbia.

Além disso, porque era consistente com o que propôs em campanha: Defender o público e combater à corrupção. Petro se pôs a serviço das pessoas humildes, e fez exatamente isso, tirando o negócio do lixo dos ricos e dando-lhe aos recicladores. Esse foi seu pecado capital.

Também se entende que a trapaça não é trabalho isolado do Procurador Ordóñez, este é apenas um bispo de um plano conspiratório liderado pela classe oligárquica, que, como tal, não lida com as relações humanas, mas interesses econômicos.

Desconhecendo o alcance das medidas caltelares e expondo o país à implicações internacionais, o presidente Santos fiel fantoche dos Estados Unidos e de seus desejos pessoais, salta no vazio sem pensar duas vezes.

O povo colombiano não pode ver isso de braços cuzados. Deve tomar uma posição coerente e defender ao máximo os seus interesses de classe. A esquerda deve desenvolver criativamente unidade através da frente pela paz e justiça social, uma frente capaz de responder orgânica e politicamente às práticas constrangedoras de direita e de extrema-direita.

A atitude de Santos não é apenas contra Petro e o movimento progressista, é contra todos os colombianos que lutam por justiça social e da paz através de reformas estruturais.

Deve-se organizar em todo país ações unitárias, explicando a fundo estas medidas arbitrárias que reforça a mídia através da incomunicação, da tergiversação e apresentando meias-verdades. Por isso deve-se sair às ruas de Colômbia.

A paz com justiça social, a defesa da mesa de diálogo em Havana (Cuba), a defesa do público, a proteção do ambiente, a Assembléia Nacional Constituinte, as negociações com o Exército de Libertação Nacional (ELN) e o Exército Popular de Libertação (EPL) devem ser bandeiras asteadas com determinação e coragem. É uma batalha que deve ser travada corpo a corpo, bem como indica a candidata à vice-presidência Aída Abella Esquivel, pela União Patriótica.

É preciso expressar a inconformidade em todo o país e internacionalmente, com organização e ação de massas. Colômbia precisa urgentemente ser governada pela esquerda, sem dúvida. Não há outro caminho.

Tradução: Polo Comunista Luiz Carlos Prestes (Brasil)