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Provas de conexões entre Uribe e paramilitares
Ex-chefe de informática do Departamento Administrativo de Segurança (DAS) revela que apoiava os paramilitares na repressão a sindicalistas e que Uribe planejou desestabilizar o governo venezuelano
Decio Machado / terça-feira 5 de dezembro de 2006
 

O paramilitarismo permeia as instituições estatais. A síntese do testemunho de Rafael García, ex-chefe de informática do Departamento Administrativo de Segurança (DAS), diante da Corte Suprema de Justiça pôs em xeque boa parte dos aliados do presidente Álvaro Uribe. A DAS reúne o serviço secreto e a polícia de luta contra o tráfico da Colômbia.

No início de dezembro, foram detidos quatro senadores e quatro deputados, acusados de ligações com os paramilitares. Também foram emitidas ordens de prisão contra um ex-governador de Sucre e um ex-diretor do DAS, pelo mesmo motivo. Outros congressistas, prefeitos, governadores, policiais e militares também figuram nos arquivos apresentados por García.

Diante da Corte Suprema de Justiça, ele denunciou fraudes eleitorais, contratos ilícitos e revelou múltiplas alianças entre paramilitares e políticos. Na busca de benefícios por colaboração com a Justiça, García denunciou, entre outros, o seu antigo chefe, Jorge Noguera, por colaboração com os grupos paramilitares. O ex-diretor do DAS não só facilitou as ações paramilitares na Costa Atlântica, mas também constituiu uma aliança entre altos funcionários do DAS e o Bloco Norte das Autodefesas, a mando de Rodrigo Tovar Pupo, o paramilitar "Jorge 40", para assassinar dirigentes populares na zona.

Em abril, García já denunciara as relações entre o DAS e os ‘paras’. Ele detalhou a fraude cometida nas eleições de 2002 em vários departamentos da costa, em favor de candidatos uribistas, manipulando os resultados por meio de um programa de informática elaborado por ele mesmo. Segundo García, este fato teve o conhecimento de Noguera, então diretor de campanha de Uribe, na região de Magdalena.

Assassinar sindicalistas

Segundo declarações do ex-funcionário do DAS, o órgão filtrou informação aos paramilitares para assassinar sindicalistas. Ele também revelou um plano executado pela Segurança do Estado colombiano para desestabilizar o governo venezuelano.

Há também denúncias de hospitais públicos que foram controlados pelos ‘paras’. No Estado de Guajira, os subsídios da saúde foram desviados para financiar a compra de armas.

Em meio ao escândalo, que está sendo chamado de "8.000 da Costa" ou "8.000 dos paras", foi convocado no Palácio Presidencial um encontro entre todos os partidos que compõem a bancada uribista. O governo busca tranqüilizar seus aliados e instaurar a normalidade no Congresso para evitar a paralisia legislativa, e pôr obstáculos à possibilidade de que a polêmica chegue a afetar Uribe.

Segundo a imprensa, o senador uribista Álvaro Araújo, em uma reunião com o ministro do Interior, Carlos Holguín, afirmou, exaltado, que, se a Corte Suprema o afetasse com alguma decisão, sairiam prejudicados sua irmã, a chanceler Consuelo Araújo e, em última instância, seu próprio chefe, o presidente Álvaro Uribe. O presidente da Corte Suprema, Yezid Ramírez, declarou publicamente que a instituição seguirá adiante com suas investigações.